segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mulheres de Atenas

Se colocarem duas partes opostas na minha frente, obviamente o meu lado tenderá a reparar o sexo oposto, com direito a todas as delícias que mereço. As amigas concordam: homem é bom demais.
Mas o nosso time anda merecendo comentários meus. Me permitam exaltar a beleza do lado fêmea!

Mulheres fortes, sábias, serenas. Mulheres de fibra; às vezes fortaleza, às vezes fragilidade.

Por tanto amor, somos capazes de gerar vidas. Por tanta dor, somos o braço estendido.

Sempre à espera, à espreita, à vigília. Conhecemos ao avesso o significado de sofrer.

Compreender. Morrer. Ceder. Antever. Enlouquecer.

Historicamente injustiçadas, aos poucos vamos mostrando o nosso valor.

Um mundo sem mulheres seria vil, malcheiroso e bruto.

Enigmáticas, as vezes até demais. O nosso mistério esconde-se sob a nossa miséria.

Complicadas e apaixonantes. Falantes e amigas.

É tudo culpa da natureza e da costela de Adao.

Somos uma parte de você mais completa.

Estamos sempre à procura de todas as formas de amor.

Isso basta para compreender.

Passe o tempo que passar, a natureza nao trairá o nosso posto de fêmeas.

Sob medida

"Tenho o passo marcado

O rumo traçado sem discussão

Tenho um encontro marcado

Com a solidão

Tenho uma pressa danada

Não moro do lado

Não me chamo João

Não gosto nem digo que não

É inútilTira a pedra do caminho (etc.)

Vou correndo, vou-me embora

Faço um bota-fora

Pega um lenço agita e chora

Cumpre o seu dever

Bota força nessa coisa

Que se a coisa pára

A gente fica cara a cara

Cara a cara cara a cara

Com o que não quer ver"


Vai passar... tudo passa. Até essas crises existenciais...
estou em êxtase e sigo parafraseando Chico a todo instante.
Ontem fui assistir uma peça de teatro baseada em sua obra: "Mulheres de Hollanda"
D-i-v-i-n-o!
Estado atual de humor? FE-LIZ!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A/C: meu íntimo.

Estou cansada de você.
A sua prepotência me esgota. As crises seguem insuportáveis e não passam de puro delírio.
Sua mente é cruel e inimiga do seu próprio corpo, você não vê?
Não continue maquinando histórias que nunca será capaz de viver, sua tola.
É tudo fruto da sua patética imaginação.
Você sempre acha que pode dar um jeitinho e que no final tudo acaba bem. Fraca então, nunca sabe verdadeiramente o que quer.
A inércia reside em sua alma e isso é desesperador.
Boas intenções não se transformam em matéria física.
Infantil e insegura, no fundo você se esconde sob sua docilidade.
Não és nem boa demais; nem suficientemente má.
E ficar encima do muro é broxante.
O que espera? Quais são as suas escolhas?
Veio a passeio neste vasto mundo? Vai morrer com as suas mesmas idéias altruístas?
Vejo que será para sempre coadjuvante da sua própria história.
O seu falso moralismo me faz rir, e o seu mundo é mesmo fantástico.
(Somente para as histórias em quadrinhos)
A verdade sincera é que me cansei mesmo de você. Me deu preguiça.
Percebo tudo muito cíclico, isso é repetitivo demais para mim. Desculpas e justificativas, também.
Saiba que você está longe de parecer o máximo.
Nunca serás esperta, nem inteligente demais.
Todos podem viver sem você.
Pare de se justificar.
Não se leve tão a sério e deixe as suas defesas de lado de uma vez por todas.
Por favor, recolha-se à sua insignificância.
Ass: eu.
p.s. Mas eu ainda te amo e nunca vou te abandonar.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

(Im) perfeiçoes.

O que você faz quando ninguém está vendo? Que tipo de pessoa você é?
A pergunta é intrigante e íntima, pode falar. Aquilo que você faz e pensa quando nao há testemunhas daria uma vida. Aí eu pergunto: aonde se encaixa a moral neste caso? Teremos mesmo o direito de julgar o que quer que seja?
Quem nunca cometeu um deslize de pensamento daqueles, bem socialmente inaceitável, que atire a primeira pedra!
Um desejo reprimido, uma vontade estranha, um ato imoral.
É divertido dilemar sobre isso.
Especialmente quando sei que isso mexe com qualquer tipo de ser vivo desse planeta. Daí advém a imperfeiçao humana!
Ja pararam pra pensar o quao podres, falhos e fracos podemos ser em nosso íntimo? Quantas fraquezas, loucuras, pensamentos perversos?
Gostaria de poder caminhar pelas lacunas da imoralidade de várias pessoas. Naquele lugar aonde todas as máscaras caem. Seria louco e curioso, nao acham?
Por isso tento nao levar a vida tao a sério.
Absolutamente ninguém é um poço de integridade incorruptível.

terça-feira, 8 de abril de 2008

L'arte d'arrangiarsi...

Pode ser que seja reflexo da juventude idelista, mas pode ser que seja um traço peculiar da minha personalidade também. Estou lendo um livro, ou melhor, pela primeira vez relendo um livro que adquiri meio que por acidente. Intitula-se "Comer, rezar e amar", de uma autora americana chamada Elizabeth Gilbert.
Sem demagogia e crises de mulherzinha: posso dizer que é um livro altamente recomendável.
Liz é engraçada, leve e complicada ao mesmo tempo. É um romance secretamente recheado de auto-ajuda e espiritualidade. Bom para quem nao sabe muito bem o que quer da vida.
Tornou-se entao a minha bíblia sentimental para momentos emergentes. Costumo brincar que o levarei sempre comigo, para eventuais dramas fora de hora.
Se puder, sinceramente, leia.

Outra coisa fantástica que me despertou, foi a súbita vontade de aprender a falar... italiano!
Haan?!
Mas por que? Por nenhum motivo em especial, nenhum plano futuro... mas pelo simples prazer.
Quer motivo maior?
De acordo com o mesmo livro, a língua italiana nao foi originada de uma metrópole, como algumas línguas européias como o português ou o espanhol. Mas sim, de um minuncioso trabalho de arte. Explique!!
O italiano standard, usado hoje na Itália, é descendente dos dialetos da Toscana, especialmente aquele falado em Florença, um dos mais importantes centros culturais da História italiana. Este dialeto ganhou prestígio sobretudo após ser usado por Dante Alighieri, o maior escritor italiano. Assim, o italiano é considerado uma das línguas mais lindas do mundo, porque é "Dantesco", ou seja, é como se o inglês falado no mundo inteiro se originasse do dialeto de Shakespeare. Falaríamos assim, um inglês "Shakesperiano", com toda a beleza que isso possa implicar.
Serao razoes suficientes? Para mim, sim. Mal posso esperar para balbuciar e cantarolar expressoes como "bel far niente", ou... "Atraversiaaaaamo..."
É fantástico e melódico!


"O prazer mundano, a devoção religiosa e os verdadeiros desejos.
Elizabeth Gilbert estava com quase trinta anos e tinha tudo o que qualquer mulher poderia querer: um marido apaixonado, uma casa espaçosa que acabara de comprar, o projeto de ter
filhos e uma carreira de sucesso. Mas em vez de sentir-se feliz e realizada,
sentia-se confusa, triste e em pânico.
Enfrentou um divórcio, uma depressão
debilitante e outro amor fracassado. Até que decidiu tomar uma decisão radical:
livrou-se de todos os bens materiais, demitiu-se do emprego, e partiu para uma
viagem de um ano pelo mundo – sozinha. Comer, Rezar, Amar é a envolvente crônica
desse ano. O objetivo de Gilbert era visitar três lugares onde pudesse examinar
aspectos de sua própria natureza, tendo como cenário uma cultura que,
tradicionalmente, fosse especialista em cada um deles. "Assim, quis explorar a
arte do prazer na Itália, a arte da devoção na Índia, e, na Indonésia, a arte de
equilibrar as duas coisas", explica.
Em Roma, estudou gastronomia, aprendeu a falar italiano e engordou os onze quilos mais felizes de sua vida. Na Índia dedicou-se à exploração espiritual e, com a ajuda de uma guru indiana e de um caubói texano surpreendentemente sábio, viajou durante quatro meses. Já em Bali, exercitou o equilíbrio entre o prazer mundano e a transcendência divina.
Tornou-se discípula de um velho xamã, e também se apaixonou da melhor maneira
possível: inesperadamente.
Escrito com ironia, humor e inteligência, o best seller de Elizabeth Gilbert é um relato sobre a importância de assumir a responsabilidade pelo próprio contentamento e parar de viver conforme os ideais da sociedade. É um livro para qualquer um que já tenha se sentido perdido, ou pensado que deveria existir um caminho diferente, e melhor."

terça-feira, 1 de abril de 2008

Saudosismo Madrileño

Vocês dificilmente verão um post semelhante à este aqui neste blog. Não costumo fazer isso, mas de repente um estranho saudosismo invadiu a minha alma e despertou a minha curiosidade para saber o que exatamente estava fazendo há um ano atrás.
Como poderei voltar ao passado? Eu escrevo diários. Sempre digo a um amigo meu que diários são tesouros do passado, tesouros secretos. Geralmente atravessam a posteridade sem que ninguém tome conhecimento, pois são geralmente muito íntimos. Mas quando a invasão é concedida, é mais do que lícito. Coincidentemente, foi nessa mesma época do ano que escrevi algo bastante descritivo sobre o lugar em que estava morando. Relendo as minhas anotações, pude magicamente reviver sensações e imagens daquela tarde de 29 de março. Por isso peço licença para dividi-la com vocês, mas é claro, com alguma censura.
"Viernes, 29 de marzo de 2007
Valle! Me sinto autenticamente uma Bridget Jones neste momento! Bridget não, talvez Becky se encaixaria melhor, já que como de costume, nesta minha vida fácil Madrileña, passei a tarde inteira perambulando vagamente pela cidade. Devo mencionar que encontrei a "rua dos sapatos" aqui em Madrid. Mas sinceramente, esses espanhóis tem algum problema com os sapatos! São todos horríveis! Sem frescurite, entrei em umas 40 lojas (sou atoa, ou não sou?)... e nada! Os couros são todos falsos. A modelagem, patética! Me sinto cercada por "bronxs" e "mustangs", de verniz vermelho e azul, naquela frente redonda péssima! Não vale o investimento. Hm, confesso que em uma dessas lojas, por um instante, o meu coração parou: entremeio todos aqueles sapatos tristes, de repente vejo um Schutz!! Ah, que maravilha!! Mas por 70E, é mais caro que no Brasil! Descobri uma verdade incontestável também: moda bonita e de bom gosto, é, indubitavelmente, a moda brasileira. Ah! Como amo esse meu Brasil. Com todas as suas roupas, praias, calor humano, cultura diversificada, a Bahia! Belo Horizonte! E o sul... que se assemelha de fato com este ar europeu. Isso sem falar no povo. Esse povo tão caloroso e humano! Saudades de tudo. Da minha família, dos amigos, dos churrascos, das festas de interior... E sobretudo da inocência que ainda vive em nossos corações. O Brasil ainda é um país lúcido, jovem e cheio de sonhos. Nossa música, nossa TV, nossa literatura... apesar de todos os problemas, são ainda indiscutíveis e insubstituíveis.
E essa Europa aqui tão velha. E tão... suja!
Confesso entretanto tecer sentimentos de carinho e gratidão para com essa Madrid! Deve ser aquele arzinho de "vou te deixar", né? Estou há alguns meses aqui já... nessa experiência que chegou meio de surpresa. Essa imagem de prédios velhos, ruas estreitas e pessoas passantes vão habitar a minha mente para sempre. Os Europeus, a grosso modo, são uns coitados na verdade. Tão frios e individualistas! Essa coisa de todo mundo muito igual é certo, mas ao mesmo tempo, desestimulante. Cada um vivendo a sua própria vida, sem olhar muito para o lado. E tem os velhos... tão infelizes! Estou encantada em saber que em tão pouco tempo vou poder levar comigo uma bagagem de percepções formidáveis.
(Agora há uma parte censurada)
...
Mas voltando ao assunto inicial dessa conversa, já que rotineiramente desvio do caminho, disse que me sinto uma Bridget (*Bridget Jones e Becky Bloom são duas heroínas fictícias dos meus livros de romance), porque finalmente hoje cumpri a promessa que me fiz desde que cheguei à esta cidade. Sentar em uma dessas mesinhas encantadoras ao ar frio e livre da Starbucks, e tomar um café-com-leite-acanelado a "La Miranda Priesly". Risos.
E escrever no diário!
Devo mencionar que, como toda fantasia da vida real, tudo agora me parece um pouco menos glamouroso à aquilo que tinha imaginado. O café é bom, mas tive que esperar torturantes minutos em pé para conseguir esta mesa. E quando finalmente consigo, como não poderia deixar de ser, a lei de Murphy resolve agir e inúmeros grupos de pessoas resolvem se levantar conjuntamente. Inúteis!
Então aqui estou, sentada num frio da porra, com vontades remanescentes de acender um cigarro. O que me torna uma pessoa ainda mais patética, já que não fumo. Dios Mío, toma conta dessa pobre mente fértil!! Fique tranquila mamãe, não acenderei o cigarro. Ele foi apenas uma metáfora, já que achei que café, Starbucks, diário, pensamentos e cigarro seriam uma boa combinação.
Depois desse dia vago de compras não consumidas, graças a Deus, termino aqui. Dou graças a Deus porque penso que tenho realmente um estranho problema com as compras. Será o meu meio de escape? Whatever!, a questão é que agora vou começar a falar .... (censurado)
Brrr, que frio! O brasileiro que acha o frio europeu "chic", não sabe o que está dizendo! Esse vento cortante e impiedoso é altamente depressivo. E depois tem todas essas pombas, que insistem em emporcalhar o chão e espalhar doenças. E já repararam como as pombas européias são folgadas? Elas nem ligam para você! Aposto que este também é um reflexo animal do 1º mundo! Odeio pombas!
Bom, o café esfriou e o meu corpo também. É melhor eu voltar para o aquecedor terno do Hostel, aonde todos devem estar pensando que morri, já que já passa das 9 da noite. Adiós Madrid! Foi bom passar este tempo com você! Eu certamente nunca me esquecerei do seu estilo peculiar e de avenidas como a Fuencarral, que sempre me levaram para casa. Seremos eternas companheiras, tenho certeza."
Bom, é isso. Tive que censurar algumas partes, é óbvio, mas acho que deu pra ter uma boa idéia sobre os meus sentimentos pela cidade. Particularmente para mim, é ainda mais delicioso reviver isso. Aiai, que vontade de viajar!

Desencontros

Eu preciso de PAZ.
E como é difícil dar conta dessa pequena grande palavra.
Paz é para poucos e sábios. Paz é para aqueles que sabem usar a inteligência emocional.
Paz é luxo.

Humildemente entao, quero o nada, a ausência.
Desejo o silêncio e a aquietaçao.
A lacuna.

Me deixem só.
Nao mexa no tempo.
Leve para longe os meus sentidos.

A casa está bagunçada.
E na minha bagunça, é só eu que nao me perco.
Ou nao me encontro.