quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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É um pouco complicado propor aqui uma discussão sobre ética e responsabilidade social, considerando o momento político lamentável o qual se julga o nosso país. Entretanto peço licença, pois só recentemente atentei para um certo tipo de reflexão acerca da minha profissão, e gostaria de expor aqui. Depois de assistir a uma aula sobre esse tema na quarta feira passada, comecei a me perguntar sobre a responsabilidade de cada ofício neste mundo. Afinal, a que viemos? Aonde chegar? Parei para refletir e me dei conta da importância intrínseca de todos os trabalhos do mundo. Eu digo a importância social. Atual estudante de jornalismo, fico feliz de participar da disseminação de notícias pelo planeta. O que a mídia divulga tem um poder influenciador inimaginável. Arricando um pouco, atrevo-me a dizer que a reprodução midiática desenrola a teoria do caos no mundo. Forte para mim? Logo eu que sou uma apaixonada confessa de toda a teoria social, isso talvez soe como uma tarefa excitante. Quando o destino resolve dar as suas cartinhas não tem jeito, não é que vamos mesmo para o caminho previsível?
Não estou falando só do jornalista, mas de médicos, arquitetos, músicos, nutricionistas, copeiros, manicures, etc. Afinal, todo e qualquer cidadão que se proponha a desenrolar um trabalho digno e contribuir para o crescimento mundial da população enquanto seres humanos. Privilegiada nas últimas semanas, pude me deparar com dois exemplos públicos de figuras que desenvolveram e continuam a desenvolver (e muito bem) o seu papel social no globo. Duas figuras ditas excepcionais no cenário atual.
O primeiro é o arquiteto Orcar Niemeyer, gênio criador de construções concretas e também abstratas. Abstratas porque, Niemeyer, além de nos presentear com impressionantes espaços dionisíacos, também atenta para a responsabilidade social de um profissional que é responsável por construções. E não só de concreto; mas de conceitos, tendências, transformações. Dessa forma é imprecindível o seu absoluto teor ÉTICO em todos os passos de sua vida.
O segundo e maravilhoso exemplo que tenho o prazer de citar aqui é a cantora Marisa Monte. Falo dela pois esta semana tive o privilégio de assistir ao seu show ao vivo. Simples, recatada, humilde. E ao mesmo tempo dona de uma energia irradiante. Marisa, para mim, é a artista que mais me impressiona no palco. A sua voz soa verdade, a sua música é verdade. A paixão, a vontade, e a correta abstinência de exagerados recursos tecnológicos, nos presenteam finalmente com um maravilhoso espetáculo. Não um espetáculo de luzes, mas de alma. E ela ainda cumpre graciosa o seu papel como formadora de opinião, aproveitando, agora assim, as luzes do palco para instigar algumas questões sociais ao grande público. Marisa é fantástica, Marisa é ÉTICA.
Pois bem.
Aonde me vejo obrigada a chegar na verdade, é na pergunta simples: E a ÉTICA do governo brasileiro? Dos nossos excelentíssimos senadores da República?
Não seria a profissão primordial para se inaugurar essa tal de ÉTICA, já que se trabalha nada menos do que o interesse PÚBLICO?
Ponto.
Tudo bem. Não ia mesmo começar essa discussão tão repercutida ultimamente na mesma mídia citada no início deste texto. Tanto já se falou e recriminou, que me sinto um tanto redundante. Mas confesso que não consigo me calar e por isso me concedo o direito de expressão como uma cidadã indignada.
Ainda pouco sei sobre esse bicho de 7 cabeças chamado política, mas o pouco já é suficiente para produzir um profundo sentimento de revolta em meu ser. Não sei de vocês, mas ao escutar pelo rádio a primeira notícia em que o presidente do senado Renan Calhorda, com o perdão do trocadilho, fora sumariamente absolvido pelos seus também "calhordas" colegas senhores senadores, subitamente me senti uma perfeita palhaça. Desde que me envolvo com a atualidade brasileira, permitindo-me construir posições críticas, e também em seu lado prático, exercendo meu direito de voto e o correto pagamento de impostos, considero tal decisão como uma ofensa pessoal. Peraí senhores senadores, a única coisa que fazem neste senado é nos representar! Suas decisões se tornam nossas decisões e eu seguramente não me apresentaria a favor.
Fora tudo uma baixa vergonha desde o começo da votação, quando fecharam-se as portas da então chamada casa do povo, e permitiram a realização de uma sessão secreta. O apresentador Luciano Huck se pronuncionou bem nesta edição semanal da revista Veja, quando disse que: "pobre aquele que não tem a hombridade de sustentar uma opinião em público". Aproveitando o gancho, também foi citado pela atriz Carolina Ferraz, uma opinião compartilhada à minha: "quisera eu saber os nomes daqueles que se favoreceram e sobretudo aqueles que se anularam, para nunca mais elege-los novamente."
A sessão foi fechada, as opiniões não sustentadas, e a certeza de uma infinidade de "rabos presos" em todo o senado inevitavelmente se confirmou. Para mim foi a pior e mais vergonhosa decisão já vista por ditos representantes do povo. O senado lavou as mãos, anulou-se, para não se comprometer. Mas numa chamada Democracia a gente não se anula. Não funciona esse tal de quase, de coisa pela metade!
Só sei que o que assisto com muito pesar e com uma imensa vergonha de ser brasileira neste momento, é a morte do respeito pela nação.
O Senado, como suposta última instituição séria do nosso país fez feio e consequentemente instalou uma crise de incredulidade sem precedentes na população brasileira. O Senado está a matar a Democracia, o nosso direito de cidadania, a nossa esperança.
Aliás, não só o Senado, mas toda essa reles cúpula política de baixo escalão que infelizmente governa o nosso Brasil.
É senhores senadores, vocês deviam tomar umas aulinhas com Oscar e Marisa...
Quanto a mim, vou assimilar o conceito de ÉTICA deixando a olhos vistos os nomes dos políticos corruptos neste blog, para que numa próxima eleição não cometemos o infame erro de nos representar tão porcamente mais uma vez no topo da pirâmide. Vocês sabem né, memória de brasileiro é fraca, fraca...

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