terça-feira, 16 de outubro de 2007

Tropa de Elite

Não pretendia mesmo opinar.
Primeiro; porque mexeu com muitos valores meus.
Segundo; porque acho que já existem pontos e contrapontos suficientes na mídia.
Terceiro; porque é notoriamente complicado.
Contudo o meu lado de cidadã de direito não me deixa calar.

Eis alguns pontos:
  • Existem sempre os dois lados da moeda.
  • A teoria da relatividade é cabível; e a misericórdia para com o ser humano, no minimo aceitável.
  • O nosso sistema de segurança está falido e irremediavelmente corrompido.
  • A política, as relações de poder (mal administradas) e a corrupção são cancerígenas.
  • O tráfico, em aspecto majoritário, é sustentado e alimentado pelos usuários de drogas esporádicos.
  • A cultura do "jeitinho" é a maior falha histórica do Brasil.
  • A questão relevante quanto ao problema do tráfico de drogas não são as correntes milionárias de dinheiro geradas, a violência e tampouco a subsistência de um mercado institucionalmente ilegal, mas o que vem por trás disso e quantas vidas, estatisticamente, isso custa ao longo dos anos.
  • Crianças e pessoas inocentes morreram, morrem e continuarão a morrer vítimas desse mercado.
  • Não sejamos hipócritas: se você é usuário de drogas, você faz parte sim do sistema. E ponto.
  • Os grandes problemas sociais não se resolverão até que a população pare de pensar no macro. Na culpa do governo; no sistema ativo previamente existente. O que um cidadão consciente deve fazer é apenas a sua parte, só assim será possível almejar uma solução.
  • A política pública brasileira deve ser urgentemente refeita. Melhores salários, melhores incentivos: policiais não sobem o morro para morrer por 500 reais.
  • Existem três classes de indivíduos: aqueles com a índole corrompida - com esses não tem jeito, fazem parte da porcentagem minoritária que é podre na sociedade. Há aqueles notoriamente contrários: os de boa índole, que estão dispostos a ir à guerra. - essa classe é também minoritária e impotente, cada vez mais rara. E por fim, existe a grande maioria: os bons indivíduos que são levados por uma corrente chamada padrão social. Seguindo uma retórica cruelmente realista, diria que constituem uma classe medíocre e fraca. Aonde as falhas da alma humana são aceitáveis e a moral depende do ponto de vista. São pertencentes do quase, do morno, da zona de conforto. Frutos do meio. A meu ver, é a pior.
  • A alma humana é influenciável e facilmente corrompida.
  • Frase de José Padilha, diretor: "A classe média corrompe, e depois critica a corrupção. Muitos dos usuários de drogas vão em passeata contra a violência. Como eles podem fazer isso? Será que eles não sabem que o dinheiro deles está virando bala na mão dos bandidos?"
  • Para agir individualmente, vale a preocupação humanitária e a solidariedade; para agir em grupos maiores, o que vale é um pouco mais de racionalidade e se preciso, medidas mais duras.
  • O diretor do filme citado é um homem extremamente corajoso e ético, espero eu. A responsabilidade do sentimento causado na população é irreversível.
  • A discussão sobre o tema não deve durar apenas o tempo previsível do estouro midiático, mas deve instigar medidas práticas e permanentes na sociedade em geral.
  • A mensagem que deve ficar: Faça a sua parte.
  • Moral, ética e caráter são conceitos simplistas: ou você tem; ou não. Ou você as articula como peças regentes no cotidiano da sua vida; ou não. Não há o meio termo. Nem brechas.

Um comentário:

Unknown disse...

Só um comentario, tenho amigos policiais, eles me disseram que o filme relata mta coisa verdadeira, mas nem a tropa de elite é 100% certinha como mostra o filme! O BOP é o mais "confiavel" dentre os outros (PM e Civil) mas não é totalmente correto! Concordo com vc! Parabéns! Vc já pode se tornar escritora! rs. bjus!